Dom Giambattista Diquattro, COP30: “é preciso dar um sinal concreto de esperança”

6 de novembro de 2025 . Notícias em Geral

A Rádio Vaticano – Vatican News conversou com o Núncio Apostólico no Brasil sobre a COP30 e a participação da Santa Sé.

Silvonei José – Belém

O Vaticano participa da COP30 com uma delegação de 10 membros guiada pelo cardeal Pietro Parolin (Secretário de Estado da Santa Sé). Ele será a autoridade máxima da Igreja, representando o Santo Padre, Papa Leão. O chefe adjunto da Delegação será o núncio apostólico no Brasil, dom Giambattista Diquattro. A Rádio Vaticano – Vatican News conversou com Giambattista Diquattro.

Chegamos à COP30 e mais do que nunca é necessário uma reflexão sobre a mudança de rota no que diz respeito ao clima…

Parece-me mais atual do que nunca a reflexão feita há dois anos pelo Santo Padre Francisco na Mensagem à COP 28: “É essencial uma mudança de ritmo que não seja uma modificação parcial da rota, mas um modo novo de avançar juntos. Se, no caminho da luta contra a mudança climática, iniciado no Rio de Janeiro em 1992, o Acordo de Paris marcou ‘um novo começo’, é agora necessário relançar a caminhada. É preciso dar um sinal concreto de esperança.

Que também esta COP seja um ponto de virada: manifeste uma vontade política clara e tangível, que conduza a uma decidida aceleração da transição ecológica, por meio de formas que tenham três características: sejam ‘eficientes, vinculantes e facilmente monitoráveis’.” E que encontrem realização em quatro campos: eficiência energética; fontes renováveis; eliminação dos combustíveis fósseis; educação para estilos de vida menos dependentes destes últimos.

A presença da Santa Sé nesta COP30, qual contribuição pode dar?

Em vista da COP30, a Santa Sé é chamada a concentrar a sua atenção em algumas questões. Em primeiro lugar, a educação para a ecologia integral aparece como um campo decisivo para enfrentar a crise climática. Este tema surge de forma crescente, pois muitos países estão incluindo a dimensão educativa em suas contribuições nacionalmente determinadas (NDCs) até 2035. Será, portanto, fundamental acompanhar atentamente esse processo. Um segundo aspecto refere-se à implementação do Global Stocktake (GST), adotado na COP28, e ao compromisso correspondente de reduzir a dependência dos combustíveis fósseis. A Santa Sé sublinha a necessidade de uma aplicação coerente deste instrumento, reafirmando que a educação representa um pilar essencial para alcançar os objetivos do Acordo de Paris na próxima fase de revisão. Outro ponto é a reforma da arquitetura financeira global e sua ligação com o financiamento climático. Uma reflexão internacional evidencia o vínculo entre dívida externa e dívida ecológica, já evocado na exortação Spes non confundit.

Outro tema é a Just Transition (transição justa), que deve incluir não apenas critérios econômicos, mas também sociais e ambientais. A Santa Sé insiste na importância de uma educação transformadora como chave desse processo. Por fim, o debate sobre o Gender Action Plan oferecerá a ocasião de reafirmar o peso desproporcional que a mudança climática exerce sobre as mulheres, convidando à promoção de sua participação ativa na implementação do Acordo de Paris.

Além dessas prioridades, para a Delegação são de grande interesse os dossiês relativos a Loss and Damage, Global Adaptation Goal, UAE Framework for Global Climate Resilience, o Artigo 6 do Acordo de Paris, e as questões ligadas à importância da proteção da floresta amazônica, da agricultura e da segurança alimentar.

Vatican News